A amiloidose cardíaca por transtirretina (ATTR-CA) é uma cardiomiopatia infiltrativa causada pela deposição extracelular de fibrilas amiloides de transtirretina insolúveis no miocárdio. Mudanças instáveis no tipo selvagem e na variante (familiar) estimulam a agregação mal dobrada e, finalmente, formam fibrilas amilóides e se depositam em vários tecidos, incluindo o coração. Geralmente, a amiloidose cardíaca é uma causa de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada. O envolvimento do coração com amiloidose pode representar parte de uma doença sistêmica com envolvimento de múltiplos órgãos, como é visto na amiloidose de cadeia leve (AL). Uma forma distinta de amiloidose cardíaca é a deposição de transtirretina mal dobrada que resulta da agregação da proteína nativa ou de mutações hereditárias no gene da transtirreina (TTR), em particular em pacientes idosos e, com o aumento da população idosa, a incidência de ATTR-CA está aumentando, embora sua presença real e diagnóstico correto carecem de estratégias padronizadas, principalmente devido a doenças no diagnóstico diferencial com fenótipos semelhantes. O ATTR-CA de tipo selvagem, também conhecido como amiloidose sistêmica senil, causada por dobramento incorreto do TTR relacionado à idade, é a forma mais frequente de amiloidose cardíaca relacionada à idade. O ATTR-CA hereditário devido a mutações genéticas também pode levar à amiloidose cardíaca, mas no Brasil a mutação mais frequente Val30Met geralmente tem um fenótipo clínico predominantemente neurológico ao contrário dos EUA, onde a mutação Val122Ile é mais frequente com um fenótipo de cardiomiopatia. A falta de reconhecimento da amiloidose cardíaca devido à presença de sintomas inespecíficos e comorbidades associadas comumente leva ao diagnóstico tardio e à progressão da doença. A ecocardiografia é a técnica de primeira linha para pacientes com insuficiência cardíaca, mas ainda há uma lacuna na utilidade clínica dos parâmetros multiparamétricos ou sua combinação em pacientes onde o ecocardiograma convencional levanta a suspeita de amiloidose cardíaca. O estudo será um dos primeiros em seu tipo a delinear prospectivamente a presença de amiloidose cardíaca em uma população de pacientes onde esta hipótese não foi devidamente avaliada.
Desenho do estudo: Neste estudo de coorte, os pacientes submetidos à avaliação para amiloidose receberão ferramentas de diagnóstico para confirmar o diagnóstico; nos casos verificados, serão empregadas metodologias de subtipos para caracterização do subtipo de amiloidose. Se houver suspeita de amiloidose, serão realizados exames complementares de imagem, avaliação etiológica com sequenciamento TTR, avaliação de paraproteínas (eletroforese e imunofixação de proteínas séricas séricas e urinárias, luz sem soro) e cintilografia com pirofosfato. Se a origem da proteína amilóide não puder ser determinada, será realizada avaliação adicional com biópsia da deposição de amilóide e espectrometria de massa. Inicialmente, será realizada biópsia do coxim gorduroso e das glândulas salivares menores. Se não revelador, o órgão afetado será biopsiado para caracterização do tecido amiloide.