Modulação da excitabilidade cortical com ctDCS na fibromialgia.
A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor musculoesquelética crônica generalizada, acom...
Patrocinado por: Hospital de Clinicas de Porto Alegre
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A fibromialgia (FM) é uma síndrome caracterizada por dor musculoesquelética generalizada, fadiga, sono não restaurador, alterações cognitivas, sintomas depressivos e neurovegetativos.
Sabe-se que as terapias farmacológicas convencionais produzem respostas com pouco impacto clínico em mais de 50% dos pacientes. Alterações funcionais do córtex motor e suas conexões com estruturas subcorticais também foram demonstradas na FM. Com base no exposto, o objetivo desta pesquisa é identificar subgrupos de pacientes com maior potencial de resposta ao tratamento, visando o avanço no diagnóstico e tratamento. Neste estudo, o alvo terapêutico será a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) de acordo com o potencial de responsividade ao efeito placebo, com a localização precisa da área de estimulação por um sistema de neuronavegação, com o objetivo de contra-regular os processos disfuncionais responsáveis pelo desencadeamento e manutenção dos sintomas da FM. Portanto, este ensaio clínico tem como objetivo comparar a eficácia da ETCC anódica aplicada no córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (CPFDL) em relação à ETCC simulada na FM, de acordo com a suscetibilidade ao efeito placebo e níveis séricos de endorfina.
Mais detalhes...A fibromialgia (FM) é uma doença crônica que afeta mais de cinco milhões de pessoas anualmente nos Estados Unidos. A prevalência populacional varia de 2% a 5,4% de acordo com os critérios diagnósticos da American Society of Rheumatology de 2010. A relação mulher:homem mudou de acordo com os critérios diagnósticos. Ao aplicar os critérios diagnósticos de 1990 (ACR 1990) é de 7:1 e de acordo com os critérios de 2010 (ACR 2010) e revisados em 2016, essa relação é de 2,3:1. Independentemente da variação de prevalência entre os sexos, é uma síndrome caracterizada por dor musculoesquelética generalizada, fadiga, sono não restaurador, alterações cognitivas, sintomas depressivos e outros correlatos de disfunção autonômica, como a síndrome do cólon. irritabilidade e tenesmo vesical. Além disso, a FM apresenta um nível de sofrimento psicológico associado ao catastrofismo e sintomas depressivos, que podem piorar o prognóstico e reforçar a incapacidade de forma mais acentuada do que o observado em outras condições de dor crônica. A FM é o protótipo das síndromes disfuncionais que cursam com dor por processos mediados pelo sistema nervoso central e periférico. Pacientes com FM têm sido associados a um risco aumentado de AVC. Na verdade, trata-se de uma síndrome de grande impacto social, que demanda avanços na compreensão dos processos diagnósticos e terapêuticos. Nesse sentido, tem-se procurado identificar fatores associados ao potencial de resposta ao tratamento: potencial de resposta ao placebo, fatores clínicos, psicológicos, neurofisiológicos, níveis de endorfinas e neurotrofinas associados à resposta clínica. A busca pelo entendimento dos efeitos desses marcadores visa personalizar a terapia e identificar fatores que possam modificar o efeito clínico dos tratamentos e a organização dos sistemas neurobiológicos.
Embora os resultados com o uso de tDCS tenham sido promissores no tratamento de diversas condições de dor crônica, como demonstrado em recente meta-análise realizada pelo grupo de pesquisa Dor e Neuromodulação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Zortea et al., 2019). ) é preciso considerar que as expectativas sobre a dor podem afetar diretamente o processamento nociceptivo. Tais expectativas contribuem para o efeito placebo que se demonstrou ser mediado por opioides. O estudo de Eippert et al. (2009) mostraram que a administração de naloxona reduz os efeitos neurais e comportamentais do placebo, bem como as respostas induzidas por placebo em várias áreas corticais e subcorticais que constituem o sistema modulador descendente da dor (por exemplo, rACC, PAG, RVM e hipotálamo). ). Além disso, aboliu o acoplamento rACC-PAG induzido pela intervenção placebo. A expectativa de analgesia induzida por placebo está positivamente correlacionada com a disponibilidade de MOR. Pelo contrário, a sugestão negativa reduz os efeitos analgésicos dos opiáceos sintéticos. Todos esses achados suportam a estreita associação entre opioides e expectativas que impulsionam a analgesia mediada por placebo.
Portanto, este ensaio clínico tem como objetivo comparar a eficácia da ETCC anódica aplicada no córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (CPFDL) em relação à ETCC simulada na FM, segundo a suscetibilidade ao efeito placebo e os níveis séricos de endorfina, nos seguintes resultados ( 1) eficácia do tratamento, que inclui medições diárias registadas numa aplicação Brief Pain Inventory (BPI), que permite avaliar a dor numa perspetiva multidimensional (intensidade da dor e interferência nas atividades gerais, humor, mobilidade, trabalho, relações pessoais, sono e gozo da vida, etc.) (resultado primário), o desfecho primário será a pontuação do Inventário Breve de Dor (BPI), que avalia os níveis de dor, qualidade do sono, humor, fadiga, incapacidade, uso de analgésicos, etc. Os desfechos secundários são o impacto da dor sobre qualidade de vida, sintomas depressivos. Também serão avaliados preditores do efeito placebo, por meio dos escores da Verbal Numerical Pain Scale (NPS, 0-10) na última semana e dos escores do BPI, utilizando um modelo hierárquico múltiplo. Dentre os potenciais preditores, destacam-se incapacidade por dor, perfil psicológico, medicamentos em uso. Além destes, o índice de marcadores inflamatórios (interleucinas séricas IL1-, IL-6, IL-10; TNF-alfa e proteína C reativa); níveis séricos de endorfinas, fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), proteína S-100B e os polimorfismos Val66Met do gene BDNF e Val158Met do gene da enzima COMT. Serão incluídas 100 mulheres com FM, randomizadas para receber tDCS ativa (n=50) ou sham (n=50), com idade entre 18 e 65 anos. A randomização será estratificada de acordo com o potencial de resposta do efeito placebo, determinado após uma sessão simulada de tDCS. Uma variação no NPS (0-10) igual ou superior a 30% após uma sessão simulada de tDCS os classificará como altamente responsivos ao efeito placebo. O tempo de acompanhamento será de quatro semanas após uma única sessão de tratamento. Dessa forma, pretende-se produzir evidências consistentes para o uso dessa técnica de baixo custo no tratamento de pacientes do Sistema Único de Saúde, que serão direcionados a pacientes com dor crônica ao mesmo tempo, o que fornecerá dados para subsidiar a viabilidade de estudar o efeito dessa terapia complementar em outras condições, como depressão refratária e neurorreabilitação. Além disso, fornecer dados para entender melhor os preditores de resposta da ETCC em desfechos relacionados ao impacto da dor na qualidade de vida de condições que geram muito sofrimento e altos custos ao sistema de saúde.
Critérios de inclusão:
Critérios de Exclusão:
Intervention: tDCS is a therapeutic method that modulates the membrane potential, where anodic stimuli induce cortical excitability and cathodic stimuli reduce it
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